Este blog é um espaço para repensarmos nossa forma de ensinar e aprender no século XXI. Buscamos criar o novo a partir das interações entre os sujeitos conectados e interligados no mesmo desejo de evoluir.
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Apenas uma reflexão sobre a complexa complexidade...

* Extraido do Trabalho de Fundamentos da Educação, disciplina do mestrado em Educação UDE.
“Não é a competição que tem a centralidade no universo, por mais importância que tenha, mas a cooperação. Não a afirmação do mais forte, mas a capacidade [...] de relacionar-se em todas as direções no jogo das interdependências. A Evolução não acontece para satisfazer às demandas de sobrevivência do mais forte. O processo é dinâmico , intrinsecamente criativo e inclusivo de todos. ” ( BOFF, 1998 p. 63)

NOVOS TEMPOS EXIGEM NOVAS FORMAS DE ENXERGAR A COMPLEXA REALIDADE.

“ La realidad es un discurso sobre lo que creemos
que es la realidad. Por lo tanto, podemos contentarnos
con intercambiar opiniones o interpretaciones.” ( Perez Lindo )

Para compreendermos a realidade atual e podermos projetar um futuro mais humano, é inevitável abrir mão do ultrapassado pensamento cartesiano – mecanicista , que consistia em reduzir os fenômenos, “[...] concebendo todas as realidades como meros mecanismos de relojoaria, em que bastaria conhecer o funcionamento de cada um para controlá-lo e direcioná-lo; e esse conhecimento se faria pela redução, conhecendo as partes para compreender o todo.” ( Morin , 2006 p. introdução ao pensam complexo)
Hoje é necessário uma nova abordagem, percepção e lógica para transitarmos pelo universo do conhecimento que é interligado e dinâmico. Atualmente, pensar sobre a educação implica expandir a visão de mundo e a concepção de desenvolvimento humano que ultrapasse a ordem sócio-política-econômica para considerar a dimensão ética, eco-global, filosófica, biológica, psico-pedagógica e espiritual.
O pensamento complexo e a teoria dos sistemas nos abre o caminho para compreendermos melhor a situação multidimensional da sociedade atual, em que a certeza absoluta é um mito e a realidade é criada e recriada ao longo do próprio percurso, porque sabe-se que é um deslize conceber a complexidade do conhecimento como um processo linear, cumulativo.
A noção de complexidade dificilmente pode ser conceitualizada. Por um lado, por que está emergindo e, por outro, por que não pode deixar de ser complexa. Todavia, já podemos reconhecer a complexidade biológica como noção fundamental de ordem organizacional e de caráter auto-organizacional. Ela caracteriza uma organização que combina entre si, de forma original, os princípios de incerteza da microfísica. (MORIN, 2001)
Conforme Morin (2001,2006), o olhar complexo sobre a realidade é aquele que vê evoluções e involuções, mutações ao acaso e acidentes, percebe e considera a ordem e a desordem como um processo inerente da evolução dos seres vivos. Para este autor, o número excessivamente grande de informações não significa necessariamente a melhor visão do fenômeno, ou seja, a informação deve ter significado e significância para o problema que se quer explicar. Selecionar as informações de forma complexa não significa segmentar o fenômeno, mas sim buscar somente as informações necessárias para entendê-lo.
O sistema educativo tradicional privilegia a separação ao invés de exercer a Re-ligação e interconexão dos saberes, no entanto a riqueza da humanidade é justamente sua diversidade, então conhecer é sempre rejuntar uma informação a seu contexto e ao conjunto que pertence - um todo organizado produz qualidades e propriedades que não existem nas parte isoladamente .
Para Zabala ( 2002), Morin ( 2000), Demo ( 2000), Gadotti ( 2004), a educação precisa ser percebida em sua complexidade o que oportuniza uma análise mais flexível dos diferentes tipos de conhecimentos possíveis ( o cotidiano, o científico e o escolar ) e de que maneira cada um assume seu papel no contexto geral. Dessa análise deriva a necessidade de nos acercarmos da realidade em sua complexidade, o que implica uma aproximação de um enfoque globalizador, onde as disciplinas não são as finalidades, mas os meios para compreender a realidade e intervir nela criativamente.
Concordando com Lindo (1989, p 76), “podemos hablar del surgimiento de um paradigma relacional interaccionista”, onde pensar significa construir uma arquitetura de idéias flexíveis , multifocais, contextualizada , de ação local e consciência global. Atualmente, o sistema educacional precisa colocar em prática seu discurso defendido a algum tempo onde o aluno é protagonista do saber; o educar tem que estar focado no contexto e nas condição culturais do educando, e o “ conhecimento, ao buscar construir-se com referência ao contexto, ao global e ao complexo, deve mobilizar o que o conhecedor sabe do mundo.”( MORIN ,2000 pg 39).
Michelle Mogami
Mestranda em Educação pela Universidad de La Empresa, Montevideo -Uruguai, 2009.

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